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A CRISE NA SAÚDE PÚBLICA

A Crise na Saúde Pública: Causas e Impactos

Médico examinando uma paciente

Imagine entrar num hospital público e encontrar corredores abarrotados, pacientes em macas improvisadas e médicos correndo contra o tempo. Essa cena, que parece roteiro de filme de guerra, é real e acontece todos os dias no Brasil. A crise na saúde pública não é apenas um problema técnico; é um reflexo de prioridades políticas, má gestão e negligência histórica.

1. O Subfinanciamento da Saúde Pública

Já ouviu falar que é impossível encher um balde furado? Pois é exatamente isso que acontece com o SUS. O sistema até recebe investimentos, mas o buraco é tão grande – feito por anos de descaso – que o dinheiro some sem dar conta da demanda. Mesmo sendo um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, o SUS vive à míngua, tentando fazer milagres com migalhas.

Dados da Organização Pan-Americana da Saúde mostram que o Brasil investe menos por pessoa em saúde do que países vizinhos com sistemas menores. O resultado? Hospitais superlotados, filas de espera que se arrastam por meses e médicos que viram verdadeiros heróis de guerra.

2. A Sobrecarga do Sistema de Saúde

Lembra daquela sensação de estar em uma fila que não anda? Para muitos brasileiros, isso define a experiência no SUS. Consultas que demoram meses, exames que nunca chegam e cirurgias que parecem promessa de político. A sobrecarga é tanta que até casos simples se transformam em emergências por falta de atendimento rápido.

Durante a pandemia, o sistema entrou em colapso. Não foi exagero. Faltou ar – literalmente – nos hospitais. O coronavírus escancarou as feridas do SUS, que sangravam silenciosamente há décadas. Foi como jogar luz num porão em ruínas.

3. Infraestrutura: O Calcanhar de Aquiles

Agora imagine ir ao médico e descobrir que o aparelho de raio-X está quebrado. Ou que a sala de cirurgia está interditada por infiltração. Infelizmente, isso não é ficção. A precariedade da infraestrutura em muitas unidades de saúde é absurda. Alguns postos nem sequer têm papel para imprimir exames. Outros operam com equipamentos da década de 90, fazendo da medicina uma loteria.

Em Salvador, por exemplo, a situação do Hospital Geral Roberto Santos virou manchete: pacientes internados em macas nos corredores, com ventiladores portáteis tentando aliviar o calor e o desconforto. Isso é Brasil real.

4. Profissionais à Beira do Colapso

Médico não é máquina. Enfermeiro também cansa. E o que se vê são profissionais esgotados, mal pagos e trabalhando em condições insalubres. Muitos desistem do SUS e vão para clínicas privadas ou até mudam de profissão. O resultado? A população perde e o sistema entra em pane.

Em 2023, um estudo da Fiocruz apontou que 63% dos profissionais da saúde pública relataram sintomas de burnout. Isso não é só preocupante, é alarmante. Estamos queimando quem tenta apagar o incêndio.

5. A Pandemia como Catalisador

Se o sistema já estava doente, a COVID-19 foi o vírus que quase o levou à UTI. O que era ruim ficou desesperador. Faltou tudo: máscaras, luvas, testes, leitos, respiradores. Governos correram para improvisar hospitais de campanha enquanto a população implorava por atendimento.

Mas nem tudo foi tragédia. A pandemia também mostrou a força do SUS, que mesmo capenga, salvou milhares de vidas. Mostrou a importância da saúde pública e acendeu um alerta: ou investimos agora ou colapsamos de vez.

Reflexão Final

A crise na saúde pública brasileira não é um raio em céu azul. É uma tempestade anunciada, alimentada por anos de omissão. É hora de parar de tapar buracos e começar a reconstruir os alicerces. Isso significa mais recursos, sim, mas também mais gestão, mais responsabilidade e mais humanidade.

Como cidadã, já presenciei idosa chorando por não conseguir remédio na farmácia do posto. Já vi um pai desesperado implorando por um exame para o filho com febre alta. Essas histórias são reais e cotidianas. E não merecem ser normalizadas.

Precisamos de um novo pacto pela saúde. Um pacto que coloque a vida no centro. Porque um país sem saúde pública forte é um país doente em todos os sentidos.

Por Luane Jardim